quarta-feira, 16 de maio de 2012

Entendendo as classificações italianas de vinho: DOCG, DOC e IGT


Mesmo para os consumidores regulares e mais experientes, a interpretação de alguns rótulos e das classificações que trazem pode ser duvidosa. Um rótulo pode ser interpretado como um bom livro resumido, pois traz informações sobre as uvas utilizadas, onde foram cultivadas, qual o conteúdo alcoólico, informações sobre embalagem, tempo de colheita, informações do produtor sobre o vinho e tantas outras coisas. Apesar do grande clímax caber a você, durante a própria degustação, uma questão sempre duvidosa pode surgir no rótulo: A certificação ou denominação ou classificação de origem... 
Para entendermos um pouco mais sobre isso, vamos pegar uma garrafa de vinho italiano para compreendermos o que significam as siglas comumente estampadas DOCG, DOC, IGT (com base nas espeficações e regras), de forma resumida e básica.
Para você, é verdade que quanto mais ilustre a certificação, melhor o vinho? Muitos consumidores acham que sim. E ainda quando vêem que o preço de uma garrafa DOCG é encontrada por três vezes mais que um vinho IGT, eles acabam confirmando a suspeita. A minha dica é, se você pensa assim, segure o cartão antes de gastar pela garrafa e vamos entender um pouco mais sobre o assunto.

DOCG: Denominazione di Origine Controllata e Garantita
Esta é a denominação que todo vinho italiano aspira, pois significa que o enólogo seguiu parâmetros e normas muito restritos durante a criação do vinho. Foi criada para homenagear as tradições vinícolas da Itália, onde em algumas áreas do país se utiliza apenas alguns tipos de uvas para se criar um vinho com estilo específico.
Um exemplo clássico é o Chianti Classico, que trouxe no nome a chamada, produzido em Chianti, na Toscana, com uma proporção ideal de uvas Sangiovese e envelhecido de maneira controlada para que possa se encaixar nesta classificação.
No entanto, apenas isso não é o suficiente, pois para ganhar o “Garantia” do título, o vinho ainda deve passar pela aprovação de uma comissão de certificação de autenticidade e de qualidade. Como resultado, a quantidade de vinhos e a diversidade são restritos e, como já era de se esperar, você vai pagar caro por eles.
  
DOC: Denominazione di Origine Controllata
            No próximo nível vem o DOC, criado em 1963, visando estabelecer e manter a qualidade do produto de reputação nacional. Atualmente, são vinhos mais facilmente encontrados e disseminados. Estes vinhos seguem os critérios do estilo em que são rotulados, como a área apropriada, utilizando as uvas corretas e produzidos seguindo métodos apropriados. Ou seja, isso pode dizer que os viticultores utilizaram as mesmas técnicas e receitas preconizadas da região com as mesmas variedades de uva. Nestes casos, você pode estar certo do que esperar quando abrir a rolha.

IGT: Indicazione Geografica Tipica
A IGT, por sua vez, é um parente recém-chegado as classificações do vinho italiano e indicada para vinhos de uma região específica dentro do país. Lançada em 1992, a nomeação foi criada para dar respeito a uma nova classe de vinhos da Itália, comumente conhecidos como os “Super Toscanos”. Resumidamente, na década de 1970 alguns enólogos não seguiram as tradições propostas e, meio como quem não quer nada, adicionaram novas variedades a suas misturas, como as uvas francesas Merlot e Cabernet Sauvignon. O resultado foi um vinho rico, complexo e que muitos amavam pois não se encaixavam nas normas DOC sendo, na época, identificados como vinhos de mesa. À medida que sua popularidade e preço cresciam, a humilde classificação parecia deslocada e, rapidamente, todo vinho que não se encaixavam nos padrões típicos Italianos foram identificados como IGT.

Para ficar claro: A principal diferença entre um DOC e DOCG é que, este último, deve passar pelo teste cego de qualidade para garantir os requerimentos legais para ser assim designado. Desde 1992, quando foram criadas novas regras, foram também impostos novos requerimentos e exigências para os DOCG, como a produção de uvas por hectare e nível mínimo de álcool natural, entre outros. O objetivo de tudo isso é de incentivar os produtores a se concentrar em fazer um vinho de qualidade.
- Estima-se, a partir dos dados mais recentes coletados entre 2006-2010, que atualmente haja 120 zonas de IGT, 311 DOC e 32 denominações DOCG.

Como podem ver, nem sempre as letras mais extravagantes são do melhor vinho, isso nem sempre vai soar verdadeiro. Há, por exemplo, toscanos rotulados como IGT e melhor classificados que alguns DOCG.
Assim como não podemos julgar um livro pela capa, também não podemos julgar um vinho pelo seu rótulo. O melhor mesmo é saber o que se encaixa melhor ao seu gosto...

4 comentários:

  1. Gustavo,

    acabo de inserir o link do Histórias e Vinhos no menu do VPT.

    seu blog é muito bem escrito. Parabéns.

    gostei da página destinada à CBE.

    Saúde!

    Gil Mesquita
    www.vinhoparatodos.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Gil, obrigado pela visita, pela inserção do link e pelo elogio.
      Estou sempre acompanhando o VPT.
      Grande abraço e bons vinhos,
      Gustavo
      [Histórias e Vinhos]

      Excluir
  2. Parabéns pelo seu blog,muito bom.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Elessandra, obrigado pela visita e pelo comentário positivo!
      Fico feliz que tenha gostado, o espaço está sempre aberto!
      Bons vinhos,
      Gustavo
      [Histórias e Vinhos]

      Excluir