O Outback Steakhouse® é uma rede de restaurantes norte-americana, espalhada por mais de 21 países e especializada em pratos inspirados no tema australiano, especialmente da região do Outback, como o próprio nome sugere. Especializada em carne bovina e regada a muito tempero, alguns nomes do Outback são muito famosos, como a Bloomin´ Onion, Ribs on the Barbie, os dois carros-chefes da marca, além de Kookaburra Wings (sobreasas de frango ao molho Buffalo), Aussie Cheese Fries (Batatas fritas com queijo e bacon) e tantos outros.
O fato é que eu sou um apaixonado pelo lugar, principalmente pela qualidade da comida (ainda que não seja leve) e do atendimento. Sempre fiquei intrigado, pois a grande maioria dos freqüentadores consome chopp junto com os pratos, sendo que o vinho não é usualmente colocado a mesa.
Então resolvi recriar alguns pratos do Outback, em casa e com as devidas adaptações, para poder harmonizá-los com vinhos, aproveitando calma e prazerosamente o que os pratos têm a oferecer, o que os vinhos têm para encantar e o que a combinação dos dois tem para mostrar.
O que o “Histórias e Vinhos” propôs na “Noite Outback-like”:
Pratos e Vinhos:
1. Bloomin´ Onion: cebola em tiras, empanadas e fritas, com um delicioso tempero picante.
Harmonização com os espumantes: Alma Negra Chardonnay Brut (Mistral, R$52,00) x Prosecco Fontini Treviso D.O.C (Expand, R$49,80)
2. Ribs on the Barbie: costela de porco acompanhada de molho barbecue.
Harmonização com dois tintos de bom custo-benefício no mercado: Clos de Torribas Crianza 2006 (Pão de Açúcar, R$29,00) x Casillero Del Diablo Syrah 2008 (Diversos, R$30-40,00).
No primeiro caso, como a própria cebola não é um alimento de fácil harmonização, e como neste caso ainda é muito picante (o dificulta um pouco mais o processo de harmonização) recorri a dois espumantes de diferentes regiões e uvas. Optei por espumantes, pois o teor alcoólico mais baixo destes vinhos pode amenizar a picância do prato e não ressaltar sabores fortes. Além disso, as borbulhas (CO2) ajudam a limpar o palato e conferir maior refrescância entre um gole e outro. Os selecionados foram o argentino Alma Negra Chardonnay Brut e o italiano Prosecco Fontini Treviso D.O.C, ambos da safra de 2009.
Para o segundo prato, costelinhas de porco ao molho barbecue, optei por vinhos facilmente encontrados e com preço acessível. Sempre acreditei que o Syrah tem qualidades ótimas para acompanhar pratos a base de carne de porco, com molhos mais expressivos, e por isso recorri ao famoso chileno Casillero del Diablo Syrah 2008. Além disso, apostei na variedade Tempranillo, com o espanhol Clos de Torribas Crianza 2006, recentemente degustado e comentado para a Confraria Brasileira de Enoblogs (leia aqui).
E vamos ao que interessa: os resultados e comentários desta noite...
O prato de entrada, uma cebola empanada e condimentada, foi bem acompanhada pelos espumantes, que amenizaram o seu sabor picante. O Prosecco Fontini Treviso D.O.C, feito com a variedade Glera, conseguiu escoltar bem no primeiro instante, conferindo sabores minerais e cítricos a combinação. Devido a sua persistência não ser alta, mas a do prato sim, com alguns minutos a cebola ainda prevaleceu e se destacou muito, deixando o vinho em segundo plano.
E é por isso que a clássica Chardonnay, do espumante Alma Negra Chardonnay Brut, conseguiu dar um peso levemente superior, se igualando bem a força do prato no paladar. Este belo exemplar argentino, com teor alcoólico levemente superior (de 12,7 contra 11% do anterior) fez com que seu peso e persistência em boca pudessem ser mais presentes... Um vinho fresco, saboroso e muito complexo, que conseguiu trazer com mais vigor estas características para a harmonização, o que é muito importante, por se tratar de um prato sem tanto peso, mas muito forte.
Reparem que optei por dois espumantes Brut, pois a cebola após cozida ou frita libera alguns compostos sulfurados e devido a esta química consegue conferir um toque levemente adocicado. Uma boa opção poderia ser testar um espumante com maior teor de açúcar residual e ver como se sairia.
Em todo caso, fiquei feliz com a harmonização inicial. Os aromas e sabores puderam se complementar. Neste caso, optei por buscar frescor, suavidade e aromas frescos, o que valeu muito a pena para manter o paladar intacto com a picância do prato. Valeu, e muito. Abaixo o resultado visual:
Quanto tirei o prato do forno e o dispus a mesa, percebi que as escolhas foram interessantes. Os aromas da costelinha de porco ao molho barbecue estavam pedindo logo um gole das taças.
A diversidade e intensidade dos aromas do Casillero del Diablo Syrah 2008 complementou muito bem os do prato. Mas o paladar foi ainda mais bem combinado, com muitas frutas contrastando a homogeneidade do porco, e as notas mais complexas de madeira foram a combinação especial para o molho barbecue. Toda esta mistura durou por alguns segundo de prazer. Acho que, apesar dos taninos serem mais sedosos que o prato pedia, o álcool discreto foi importante para uma boa harmonização.
Já o Clos de Torribas Crianza 2006, 90% tempranillo e 10% cabernet sauvignon, foi um teste e mostrou uma potência interessante para o prato. Os taninos sedosos deste vinho pediam a todo momento um bocado. A combinação no paladar, com um toque terroso e notas de couro foram bem delineadas com a carne e principalmente com o molho barbecue. Sua capacidade de ser estruturado, mas sem passar pelo prato, foi boa o bastante para levar a combinação dos tintos de bom “custo-benefício”. Acredito e aprecio muito a Syrah com carne de porco, principalmente um vinho jovem e frutado, mas hoje vou votar no outro, pelo quesito “inesperado”.
Uma noite “Outback-like” pra lá de interessante. Agora posso dizer com certeza: Outback não vai bem apenas com o tradicional chopp. E isso porque comprovei em uma noite: muitas boas surpresas.
Aproveite e conheça a rede e seus pratos. E mais, harmonize com um bom vinho, que o resultado poderá ser muito interessante.
Um grande abraço.
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Os pratos da noite: Bloomin onion e Ribs on the Barbie. Boas surpresas! |
Hummm!Interessante!
ResponderExcluirVou testa aqui em casa...
Abraço!
Pedro, vale a pena!
ResponderExcluirAbração e bons vinhos...
Gustavo
Adorei o post! Nunca havia imaginado uma harmonização de cebola com espumante! Quero fazer esse teste AGORA!!! rsrsrsr
ResponderExcluirSó tenho um problema: Como preparar essa super cebola em casa? Gustavo, acho que vc deveria colocar a receita aí? Fiquei com água na boca!
Beijo
Olá Evelyn, obrigado pela visita.
ResponderExcluirQue bom que gostou... Assim a sujeira na cozinha não foi em vão! rrsrsrs
Sempre quis arriscar aquela cebola com espumante, acho que foi bem, me agradou. A cebola, por si só, não é fácil, e ainda com todos aqueles temperos... Mas os espumantes deram uma amenizada no seu peso, boa surpresa.
A cebola foi resultado de alguns testes, mas fica boa (viu a foto que bonita?). :)
Me passa teu email no meu: historiasevinhos@gmail.com que te mando a receita e algumas dicas... rsrsrsrs...
Mais uma vez, obrigado pela visita.
Parabéns pelo seu blog.
Abraços e bons vinhos...
Gustavo
[Histórias e Vinhos]