domingo, 17 de junho de 2012

Borgonha: O grande negociante e a grande fraude


Muito se discute sobre as fraudes no mundo do vinho e, nesta semana, a Borgonha foi palco de mais uma revelação: Labouré-Roia, um dos grandes negociantes da região, está envolvido em um esquema duvidoso. 
De acordo com o jornal local “Le Bien”, o negociante e pessoas de sua equipe são acusados de rotulagem inadequada nas garrafas, de misturar vinhos de diferentes denominações e origens, adicionar vinho de mesa para aumento de volume, além de usar medalhas de premiações incorretas.
O jornal informa que, nos últimos 18 meses, os policiais estão em Dijon conduzindo uma investigação sobre o caso, sendo que os 4 acusados já estão sob custódia desde a semana passada.
As investigações apontam a descoberta de uma enorme operação de fraude e muito organizada, revelado pela análise de centenas de documentos do negociante, no período de 2005-2009.
As autoridades de Dijon afirmaram que cerca de 500.000 garrafas podem ter sido adulteradas com vinhos de outras denominações e, aproximadamente, 1.5 milhões de garrafas rotuladas erroneamente. Durante o período em questão, a empresa vendeu cerca de 36 milhões de garrafas, rendendo outros tantos milhões de euros/ano, o que comprova o grande sistema de fraude.
Sobre as investigações, nenhuma decisão foi tomada até o momento sobre a acusação dos quatro homens sob custódia. O advogado do negociante, Emmanuel Touraille, disse à imprensa que seus clientes estão dispostos a cooperar com o inquérito.
A Borgonha está abalada, são Mersault e tantos outros rótulos que se tornam duvidosos. Vamos torcer para que estes casos sejam raros, pela integridade e qualidade das marcas e seus vinhos. Se você cair numa dessas, o que resta é abrir a garrafa e beber, pois não se chora pelo vinho enganado...

sábado, 16 de junho de 2012

Brasil abre passagem para o "Toro Loco": Por R$25,00!!!

     Uma boa notícia para quem aprecia vinho, para quem o consome regularmente e principalmente para todos aqueles que, como eu, gosta de procurar bons vinhos por um preço acessível. Recentemente, muito se falou no tal vinho conhecido como Toro Loco, que com seu mero valor de mercado de 3,59 libras desbancou alguns grandes em um concurso internacional, às cegas. Felizmente foi anunciada a sua importação para o país. Na verdade, uma felicidade com uma boa dose de apreensão, pois todos estavam receosos pra saber qual seria o custo dele no Brasil depois de ser encharcado de taxas e mais taxas? 
     A Wine anunciou sua importação e agora o seu valor no mercado: 25 reais! O produto de bom custo-benefício estará disponível apenas a partir de agosto, mas já é possível fazer a reserva de garrafas pelo website da empresa.
     Eu ainda não provei este vinho, mas acho que o valor anunciado é justo e acessível. Indo mais além, gostaria mesmo de acreditar que os rótulos fossem menos sobretaxados no país, como este exemplo. Quem sabe? A cada novo rótulo, uma nova possibilidade...
      O "Brasil-toureiro" abre passagem para o Toro Loco, para um mercado que está sedento de bons vinhos... e bons preços!      

Paris para ver e beber: Loja de vinhos "Lavinia"!!!

Visitar Paris é um sonho de muitas pessoas, mas para os amantes do vinho visitar a "Lavinia" pode complementar ainda mais a viagem. Essa é a minha dica para todos que estiverem por lá, pois vale muito a pena. É de encher os olhos e de matar a vontade na boca, com vinhos de todo o mundo e uma grande diversidade de rótulos.


Além da possibilidade de compra, você terá alguns vinhos disponíveis para degustação. O investimento fica na faixa de 1-5 euros (taça) para os vinhos mais "simples", podendo chegar a 30-50 (ou mais) euros as taças dos vinhos mais renomados. Os vinhos que degustei na última passagem por lá foram esses:
Bons vinhos e uma ótima visita: Lavinia!
Na saída, depois de boas compras, vale a pena dar uma caminhada pela simpática "Boulevard de la Madeleine", uma avenida cheia de lojas, cores e sabores. A "Église de la Madeleine" fica bem próxima e é um ponto turístico interessante. Por ali, encontramos um bistrô muito bacana e nele escolhemos a famosa "sopa de cebola" como entrada e uma codorna recheada ao molho de estragão, com fritas. Simples e gostoso! Para acompanhar fomos de rosé, com o Domaine de Saint-Julien les Vignes 2010




A Lavinia (www.lavinia.fr) está localizada no seguinte endereço:
Lavinia, 3 boulevard de la Madeleine 75001 Paris
Para chegar de metrô é muito fácil, pois ela fica muito próxima da estação "Madeleine" (chegando pela linha 8, 12 ou 14), por lá, é só traçar sua rota!

Visita garantida!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Guia sobre o par perfeito: Queijos e Vinhos!


A química colabora! É assim que eu começo o texto para descrever a harmonização entre queijos e vinhos. O que mais colabora para que isso seja verdade é a grande diversidade de ambos, sendo que hoje podemos encontrar centenas de tipos de queijo no mercado e prateleiras infindáveis de vinhos, ampliando a possibilidades de combinações e as chances de uma boa harmonização. 
Combinação clássica, seja em uma noite entre amigos ou uma noite tranqüila em casa, mais simples ou mais completa, não importa, sempre recorremos a uma boa tábua de queijos variados e alguns rótulos de vinho. Isso soa quase como unanimidade. A praticidade também conta muito, sem perder em sabor e qualidade. Por isso, resolvi coletar algum material sobre o tema para compilar este pequeno Guia sobre a harmonização entre queijos e vinhos.
O mais importante, mais uma vez, é lembrarmos que não há nenhuma regra para as harmonizações. O essencial é que você possa escolher o que mais agrada o seu paladar e se adapte ao seu bolso, sendo que os queijos e o vinhos serão, na verdade, o acompanhamento de boas conversas e histórias.
Aqui vão algumas dicas que podem colaborar na hora da escolha de cada um, mas vale lembrar que há diversos queijos que vão bem com diversos vinhos:

1 – Idéia geral: Sabores complementares
A mesma idéia geral para se harmonizar vinhos e pratos também é válida aqui, ou seja, combinar sabor e intensidade do queijo e do vinho. Por exemplo:

- Queijos frescos: Vinhos brancos leves, frutados e refrescantes, com acidez marcante. Vinhos: Sauvignon Blanc, Albariño, Muscadet ou espumantes.

- Queijos brancos moles: Combinar com Espumantes (para combinar a acidez, equilibrar o sal e dar refrescância), além da possibilidade de vinhos como Riesling e Gewürztraminer

- Queijos semimoles: Boas harmonizações com brancos aromáticos como Riesling, Gewürztraminer, Arneis e Torrontés, Além disso, há a possibilidade de combinar com tintos leves e frutados, como Pinot Noir, Beaujolais, Barbera e Dolcetto

- Queijos duros: De sabor mais forte e complexo precisam de vinhos mais encorpados

- Queijos azuis: O sal e potência destes queijos levam as combinações com vinhos desde tintos até os vinhos doces.


2 – Recorrendo ao recomendado: Vinho, queijo e origem
Apesar de não ser sempre verdade, optar pela mesma origem de queijo e vinho pode ser uma boa opção. A origem conta muito e pode resultar em combinações interessantes, e temáticas!

3 – Observar e balancear para harmonizar: Brilho e cremosidade
Esta também vale para a harmonização geral de vinhos e alimentos, mas que pensando em queijos e vinhos também pode ser importante, pois a harmonização nada mais é do que ter um balanço entre os dois na boca, para que os sabores se complementem.
Se você recorreu a um vinho de bom brilho e acidez, como um espumante brasileiro, é uma boa idéia optar por um queijo de boa cremosidade para neutralizar sua acidez. Da mesma forma, um vinho branco redondo vai ser bem acompanhado por um queijo mais duro e menos cremoso. Esta combinação de acidez e cremosidade já resolve muito...

4 – Peculiar e interessante: Doce e salgado
Outro casamento interessante fica por conta do “contraste-positivo” entre o doce e o salgado. Não é a toa que conhecemos as famosas combinações entre um Porto e o Stilton, e um Sauternes com Roquefort. Este queijo é cremoso, salgado e combina muito bem com a doçura de um bom Porto na taça. Ou seja, há uma boa probabilidade da combinação entre vinhos de sobremesa e queijos mais salgados ser muito positiva...


Vinhos tintos:
Vinhos brancos e tintos sempre serão bons pares para os queijos. Dito isso, é importante apenas associarmos as características de ambos para que a combinação seja sempre melhor. De forma geral, o espectro de vinhos tintos pode chegar a um ponto mais encorpado que os brancos, tornando-se mais indicados no caso de queijos de sabor e aroma muito fortes. Mas não apenas para queijos fortes, pois se pensarmos em outros queijos, de intensidade baixa ou média de aromas, também podemos encontrar vinhos suaves, aromáticos, menos encorpados que poderão ser uma ótima pedida para a harmonização. Para exemplificar tudo isso dando foco nos vinhos, vamos pensar em algumas categorias de vinhos e quais queijos seriam bons acompanhantes.

1 - Leves e frutados
Queijos:
Vai abrir um vinho leve e frutado? Quando pensamos em queijos para combinar com vinhos desta categoria, provavelmente a Mussarela vira uma opção básica. Além deste queijo, podemos considerar também o Suíço, Emmental, Gruyère e outros.

Vinhos:
Enquanto isso, bons vinhos leves e frutados são feitos com a uva Gamay, como o famoso Beaujolais (França) e mesmo opções de ótimo custo-benefício feitas no Brasil. Vinhos feitos com Pinot Noir acabam sendo uma ótima opção, além de serem um pouco mais “flexíveis” e poderem acompanhar vinhos um pouco mais curados.
Você deve recorrer a vinhos com mais potencial aromático do que necessariamente corpo e potencial tânico. Um exemplo do que se evitar seria colocar um vinho leve e frutado com um queijo realmente “fedorento”, como o caso do Muenster (quem nunca provou, quanto tive a oportunidade vai se lembrar disso!).

2 - Corpo médio
Queijos:
            Quando o vinho tiver um corpo médio, você pode acompanhar um vinho mais forte que os anteriores. Neste caso, alguns exemplos são o Provolone, Morbier, o próprio Emmental (mais curtido), Gouda e Edam. Em geral, você pode recorrer a queijos da categoria de semi-duros.

Vinhos:
            Mais uma vez, para não ter muito erro, eu apostaria em um rótulo de Pinot Noir. Além disso, vinhos de Merlot e Zinfandel podem ser muito recomendados também.

3 – Encorpados
Para vinhos tintos encorpados: queijos fortes. E diversos exemplos de vinhos podem servir bem para o acompanhamento, como Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah (que me agrada muito) e muitos outros. Quanto mais duro e curado o queijo, mais tânico pode ser o vinho.

Vinhos brancos:
Os vinhos brancos são muito interessantes, quando não o par perfeito, para alguns tipos de queijo. Vamos ver alguns exemplos dando foco nos vinhos brancos: 

Chardonnay
Pela grande variedade de vinhos com esta uva permite uma grande variação. Desde vinhos mais novos, com aromas e acidez marcante, para vinhos brancos moles, até a possibilidade de alguns vinhos duros, com vinhos mais encorpados.

Sauvignon Blanc
Uma uva interessante, pois mesmo que tenha um corpo leve pode ter um potencial aromático e de sabor muito intenso, que acompanha bem desde queijos leves até um pouco mais fortes. Vinhos da Nova Zelândia e Califórnia podem acompanhar desde queijos brancos moles (Brie e Camembert) até semi-moles (Edam, Gouda, etc).

Gewürztraminer
Se for abrir um vinho desta casta, poderá optar por um queijo de textura rica, como de cabra, suíços, Brie, Camembert e outros.

Riesling
Uma uva de vinhos de peso, principalmente na Alemanha, França e Áustria. Geralmente são vinhos encorpados para o padrão médio dos brancos, podendo se adaptar a queijos de sabor marcante, como Gouda, Emmental e outros. Em alguns casos específicos, podem ser um dos poucos brancos capazes de acompanhar alguns queijos azuis.


Amigos, vale lembrar que o melhor da harmonização está na prática e não na teoria. Ouse, tente e aproveite: Nada de regras, apenas bons vinhos e bons queijos. 
Saúde!

sábado, 2 de junho de 2012

Montipagano Montepulciano d'Abruzzo DOC 2009 #cbe



Montipagano Montepulciano d'Abruzzo DOC 2009
Confraria Brasileira de Enoblogs abrindo as atualizações de Junho aqui no blog, com o tema de um “Montepulciano D´Abruzzo de qualquer faixa de preço” proposto pelo Cristiano Orlandi do blog Vivendo Vinhos. O vinho selecionado para este mês foi o Montipagano Montepulciano d´Abruzzo DOC 2009, um exemplar feito com uma das uvas mais cultivadas nas terras italianas... 
O vinho apresentou uma cor rubi de média intensidade, reflexos violáceos e transparência média. A primeira impressão logo depois de aberto foi uma boa composição aromática, principalmente de frutas vermelhas, que se firmou ainda melhor algum tempo depois. Na boca remete principalmente a frutas, mas sem ser cansativo, e um toque secundário de notas defumadas, taninos suaves e corpo médio, de baixa persistência. Até pelo curto tempo de maturação em barris, seu caráter é mais leve, frutado e fresco do que um vinho encorpado de guarda.
Este é um italiano que agrada (mas não impressiona) e pode ser encontrado no Brasil na faixa de R$68,00, importado pela Expand. Pela faixa de preço que é encontrado, pode ser uma boa pedida dentre vinhos italianos, principalmente para quem aprecia os Montepulciano d'Abruzzo. Já conhecia outro vinho deste produtor, Umani Ronchi, e aprecio o trabalho feito. Para todos os que optam por vinhos biológicos, o cultivo das uvas Montepulciano utilizadas no preparo deste vinho segue esta proposta.
Abrimos este vinho para acompanhar almôndegas ao molho vermelho e a combinação foi muito boa. Uma noite agradável acompanhada com um exemplar da tradição italiana. Precisa de algo mais?

Dados:
País: Itália
Região: Marche
Produtor: Umani Ronchi
Variedades: Montepulciano
Teor alcoólico: 13,5%
Importadora: Expand
Valor: R$ 68.00