quinta-feira, 17 de março de 2011

Degustação de vinhos de Piemonte - Itália | ABS Campinas e Mistral

Na terça-feira (15.03) participei da degustação de vinhos da região de Piemonte (Itália), dos produtores Vietti e Coppo, oferecida pela ABS-Campinas em parceria com a Mistral.
O evento foi conduzido de forma descontraída pelos próprios produtores, simpáticos italianos, que apresentaram em sua língua natal (assim deu pra entrar ainda mais no clima) os seis vinhos da noite, sua produção, o mercado e histórias diversas.
Os vinhos apresentados na degustação foram estes listados abaixo, e seguem ainda breves considerações do que eu pude perceber sobre cada um:


Roero Arneis 2009 (Vietti)
Esse vinho branco abriu a noite e diria que com chave de ouro! Um vinho com tudo no ponto, um vinho claro, com tons palha pouco intensos, elaborado com a uva Arneis. Aroma muito cítrico, mineral, peras maduras e no final um leve toque de mel. Acidez confirmada na boca, bom corpo e persistência, e o resultado final não podia ser outro: muito bom! Um vinho refrescante. Lembro do produtor comentar que eles o consideram como o futuro “Nebbiolo branco”. E ai, quem paga pra ver? Eu, sim.

Gavi La Rocca 2007 (Coppo)
Esse foi o outro branco da noite. Feito com 100% de uvas Cortese, apresentou uma coloração muito mais marcante, palha intenso com reflexos dourados. Um aroma complexo, que me lembrou notas cítricas, um pouco de laranja talvez. Na boca uma acidez mais destacada e notas de damasco, interessante. Um vinho gastronômico e uma boa relação preço/qualidade.

Barbera d'Asti L'Avvocata 2007 (Coppo)
Este tinto feito com 100% Barbera, com muitos reflexos, apresentou halos laranja transparentes e lágrimas muito lentas (teor alcoólico de 14%). Aroma de muita fruta, destacando ameixa e jabuticaba fresca. Achei o álcool um pouco destacado, mas taninos leves, sabor muito agradável de frutas e retrogosto médio. Um bom vinho.

Dolcetto d'Alba Trevigne 2008 (Vietti)
Este vinho feito com a uva Dolcetto era uma das minhas expectativas da noite, pois não havia provado esta variedade. De expectativa, acabou virando a dúvida da noite: Ele é assim ou foi a garrafa? Porque, pra mim, realmente não estava no ponto. A coloração interessante, rubi escuro intenso e bons reflexos. Mas o aroma fechado, morto, a mistura de mediterrâneo e balsâmico em “pessoa”. Na boca gerou um certo amargor e não apresentou as frutas que eu esperava. Mais atentamente percebi algumas bolhas escassas hora e outra, leva a crer que a fermentação continuou na garrafa. Bom, quem sabe numa próxima oportunidade?

Barbera d'Asti Camp du Rouss 2006 (Coppo)
Esse é um ótimo vinho, regado às características da Barbera. Rubi não muito intenso, aroma completamente frutal, frutas negras maduras. A passagem por 12 meses em barrica de carvalho francês trazem um pouco especiarias, muito couro. Um sabor muito equilibrado, taninos muito finos, frutas mais complexas, persistência longa e até um pouco de mineralidade, que o deixou fresco e  uma excelente pedida para o acompanhamento de uma boa carne grelhada.

Langhe Nebbiolo Perbacco 2007 (Vietti)
E se começamos com chave de ouro, assim terminamos. Esse vinho feito com Nebbiolo foi o melhor da noite. Transparência alta, um rubi pouco intenso, halos evolutivos claros, lágrimas lentas e finas. O aroma instigante e marcante, frutas vermelhas maduras e doces (predominando cereja e amora). Saboroso, um pouco de especiarias do carvalho esloveno, acidez e corpo médio, um vinho mais espesso do que eu esperava pela sua aparência. Um vinho de taninos firmes e impactantes, mas sedosos. Bom para fazer par com uma massa ou pratos a base de carnes. Talvez um pouco mais de descanso poderia deixá-lo ainda melhor, até uns 5 anos. Um vinho que me encantou...

E finalizo com uma citação do próprio Luigi Coppo:
“Il più importante è il rispetto per il territorio e del vina, senza di essa non è vino!”

Um evento regado a bons vinhos e boa organização.
Que venha o próximo...

Citados neste texto:
ABS Campinas: http://www.abs-campinas.com.br/
Mistral: http://www.mistral.com.br/

domingo, 13 de março de 2011

O primeiro... de muitos!

Caros blogueiros, leitores e amantes do vinho:

Bom, este é o primeiro post do Histórias e Vinhos.
Como a própria definição da palavra diz: 

1. Que precede a todos (na série do tempo, do lugar ou da ordem). 2. Essencial, fundamental, principal. 3. Antes de tudo. 4. Inicial, rudimentar.

Como qualquer primeiro, ele pode ser considerado como um tiro no escuro.
Seria o primeiro passo ao infinito, ou o infinito a cada passo?

Primeiro beijo. Primeiro salário. Primeiro carro.
Primeiro vinho e primeiras impressões... Primeiro vinho bom e infinitas impressões.

Antes de tudo...
É uma expressão interessante e complexa. Como assim "antes de tudo?"

Pois pensando bem, antes do sorriso, houve primeiro um motivo. E antes do beijo, um olhar. Antes da palavra, o pensamento. E antes de todos estes, no caso do bom vinho ainda se diria: "foi amor a primeira vista". Quem não sabe do que estou falando, que tire a primeira rolha, então.

Antes da briga, a ilusão. Da reação, a ação. Da lembrança, o fato. Quem veio primeiro: o ovo ou a galinha? 

E se pensarmos bem, o último só tem sentido se tivermos como referência o tal do primeiro.

Diria ainda que é uma palavra me traz um sentido cronológico inverso. Eu explico... Antes das cinzas, o fogo, a chama, a faísca e a fricção... Antes da foto, o clique, o sorriso, o abraço, a última arrumada no cabelo. 
Antes do gole, o aroma, a cor, o líquido na taça, o saca-rolhas, as histórias e a roda de amigos...

Quem veio primeiro?
Só posso dizer que, neste espaço, foi sim esta mensagem.
Sejam bem-vindos!