domingo, 26 de junho de 2011

Pinot Noir: Uma uva histórica, complexa e elegante

A emblemática Pinot Noir tem suas raízes na região da Borgonha, sudoeste da França. É uma das uvas que recebe uma grande atenção pois dela são produzidos alguns dos melhores vinhos do mundo, como tintos, espumantes e as famosas champanhes.
Na Borgonha, por exemplo, são produzidos vinhos bastante admirados em todo o mundo, entre os quais estão o Romanée-Conti, Volnay, Clos de Vougeot e outros tantos grands crus. Enquanto isso, na região de Champagne, França, esta uva faz parte do corte que resulta no renomado champanhe.

Vinhos e características
A Pinot Noir tem bagas pequenas e sensíveis, carne macia e um preto arroxeado e, apesar de todos estes vinhos de sucesso, é uma uva de difícil cultivo, complexa para se manusear e ainda mais para resultar em um vinho de qualidade.
Esta uva, em geral, é quando bem manuseada pode dar vida a vinhos com sabor e elegância característicos, bastante complexos, com aromas intensos e, em alguns casos, que evoluem muito bem com o passar dos anos. Não é a toa que a partir dela são produzidos alguns dos vinhos mais famosos e caros do mundo.

Visual
A Pinot Noir tem uma cor exclusiva, com um vermelho ligeiramente opaco, ressaltando um brilho único entre todos os vinhos. Como quase todos os demais, a cor muda com o envelhecimento, se um jovem Pinot Noir é vermelho rubi ou roxo; um vinho de 8 ou 10 anos irá mostrar uma cor ocre laranja.

Olfato
O vinho Pinot Noir é um dos mais aromáticos entre todos, um fato para adicionar à sua excelência. Salta imediatamente ao nariz os aromas de berry, como morangos, amoras, framboesas, ameixas e cerejas. Também podemos distinguir aromas de alcaçuz, couro e violeta, que são marcantes quando os vinhos são envelhecidos em carvalho. E podemos reduzir sabores primários, como groselha preta e trufas.

Palato
Os vinhos de PN tendem a ter uma estrutura que destaca seus taninos. Sabor sutil, fresco e com nuances frutadas, acidez viva, mas sem ser agressiva.

Popularidade
Nos anos de 2004 e 2005, a Pinot Noir tornou-se muito mais popularmente conhecida entre os consumidores de países como Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Ásia, por ser a estrela do filme “Sideways – Entre umas e outras”.
Para reforçar toda esta importância ao redor desta emblemática casta, nesta mesma época, o renomado crítico Robert Parker declarou, de boca cheia, em seu guia Parker´s Wine Buying Guide: “A Pinot Noir produz os vinhos tintos mais complexos, hedonistas, emocionantes e surpreendentes do mundo”...

Cabernet Sauvignon x Pinot Noir
A PN é o contraponto da especialíssima Cabernet Sauvignon que, francesa como ela, conquistou o mundo inteiro e é hoje sinônimo de vinho tinto. Enquanto a CS produz caldos encorpados, profundos e com muita intensidade, a PN sempre traz exemplares com mais aromas e uma elegância que não consegue ser alcançada por nenhuma outra uva. Uma das mais significativas diferenças entre as duas está no desenvolvimento na vinha. Enquanto a Pinot Noir necessita de clima frio e tem maturação mais rápida, a CS consegue se desenvolver bem em climas quentes e é uma das mais tardias a amadurecer. A difícil adequação da Pinot Noir às condições climáticas é uma das razões de não termos muitas regiões do mundo com vinhos destacados. Clima quente produz vinhos que beiram a marmelada, perdendo todo o seu caráter.
Em adição a essas características, a PN tem, normalmente, menos taninos e pigmentos que uvas como a própria Cabernet ou até mesmo Syrah, produzindo quase sempre vinhos mais claros. Não há como negar que, tanto no processo de desenvolvimento da vinha quanto no processo de vinificação, essa uva requer muito mais trabalho e dedicação se comparada com qualquer outra que produz vinhos tintos.

Pelo mundo...
Apesar do difícil cultivo e do desenvolvimento preferencial em climas frios, a PN saiu da França e se adaptou muito bem em países como: Espanha, Itália, Austrália, Chile, Argentina, Nova Zelândia, África do Sul, Califórnia, Áustria, Alemanha, Reino Unido, Canadá, Suiça e EUA.
Quatro países que também têm concentrado esforços em produzir vinhos tintos a base desta uva. Dentre os quais o mais destacado é a Austrália, que não tem especialidade em Pinot Noir, mas vem produzindo bons exemplares a bons preços.
O Canadá vem produzindo vinhos de média a boa qualidade e, ultimamente, realizou marcantes saltos neste quesito.
O Uruguai, um país pequeno, mas com boa tradição na produção de vinhos, tem colocado a Pinot Noir no mapa. Os primeiros resultados são interessantes, mas o tempo dirá o real potencial da região.
E claro, o Brasil também está na luta, e tem tido uma boa performance na produção da uva em questão, mas tudo que é difícil no mundo inteiro aqui é potencializado devido a quase ausência de climas adequados. Além de boas garrafas provenientes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina vem despontado com bons exemplares nos últimos anos.

Informações gerais
Geralmente, os vinhos tintos de PN devem ser servidos em temperaturas entre 14 e 15 graus. Se o vinho tem mais de 08 anos, a temperatura deve ser de 15 graus, enquanto dependendo da harmonização, a temperatura pode ser ao redor de 16 graus.
A graduação alcoólica de bons vinhos de PN fica na casa dos 12-13%.

A combinação perfeita...
Os vinhos PN são perfeitos com aves como galinha, frango ou pato, especialmente quando são preparados com ervas aromáticas e assados. Esta uva ainda permite a harmonização com peixes como atum e salmão, além de alguns peixes de água doce, cozidos no vapor ou levemente grelhados. Quando for combinar com queijos, opte pelos semi-duros.
Lembre-se apenas que, mesmo se tratando de um bom rótulo de PN, o vinho não deve ofuscar a comida, e vice-versa. Eles devem completar-se em um casamento infinito de sabores e aromas, enquanto durar.

Para finalizar...
E você, já provou bons vinhos de PN? Qual o seu preferido? Qual o grande vinho degustado? Conte para o “Histórias e Vinhos”!

Um texto rico em prazeres, como uma boa taça dos bons rótulos de Pinot Noir.
Um brinde e até a próxima.

3 comentários:

  1. Sem falar nos bons borgonhas onde a manhosa Pinot desenvolve sua majestade eu gosto muito dos Pinot chilenos de Casablanca. Loma Larga, uma vinícola que lá está instalada faz um dos melhores que já apreciei na América do Sul. Nova Zelândia em Central Otago não fica longe, são singulares. Nos EUA gosto dos elaborados em Oregon, divinos.

    Uma abraço Peter (www.alemdovinho,wordpress.com)

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  2. Prezado Peter,
    Obrigado pela visita...
    O Chile realmente tem Pinots muito atrativos, estão lidando muito bem com esta variedade. Quem sabe em breve desponta com a mesma popularida da Carmenere nesse país?
    E, sempre, Oregon uma referência certa.
    Assino o que disse...
    E parabéns pelo seu blog, com matérias muito interessantes.
    Um grande abraço, bons vinhos e muita história pra vida!
    Gustavo

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  3. Eu acho que os melhores Pinots são produzidos no Vale de Uco, em Mendoza. Lá, os vinhedos estão localizados numa grande altitude e o clima é ideal. Eu experimentei um maravilhoso Pinot na vinícola Salentein. Com certeza está dentro dos melhores do mundo. Vale a pena fazer um passeio por aquela região com uma empresa receptiva como a Mendoza Holidays http://www.mendozaholidays.com
    Abraços.
    Sebastião

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