Se você é daqueles que ama um bom vinho, saiba que este produto poderá ser muito prejudicado com o aquecimento global. Entenda o porquê, saiba qual a influência das mudanças no padrão climático no cultivo de uvas. Alerta vermelho para o líquido vermelho. Eu deixo a pergunta: Qual será o futuro do vinho?
A indústria do vinho poderá ser vítima direta das alterações climática nos próximos 50 anos, principalmente porque as matérias-primas, as uvas, são delicadas e crescem em poucos lugares ao redor do mundo. A mudança nos padrões climáticos devido ao aumento do efeito estufa, liberação de gases e seu acúmulo na atmosfera, poderão implicar em sérios prejuízos para o cultivo das uvas e, consequentemente, para a produção de vinho.
Nos últimos 100 anos, a temperatura média da Terra aumentou cerca de 0,7 oC (cerca de 1,4 graus Fahrenheit). Para o futuro, espera-se uma elevação média de 1,1 a 6,4 oC, até o final do século 21 (Discovery, 2009).
Um dado alarmante foi publicado pela revista “Proceedings of National Academy of Sciences”, onde o trabalho descreve que caso as temperaturas mais altas, as secas e ondas de calor sejam como o esperado, as regiões vitivinícolas deverão ser reduzidas em cerca de 80% até 2100, pois uma coisa é clara desde já: as uvas não conseguem lidar com calor excessivo (Wise, 2010).
Evolução preocupante: Dados específicos
Na Espanha, durante os últimos 50 anos, as temperaturas durante a estação de crescimento das uvas aumentaram uma média de 2 oC (ou 3,6 graus Fahrenheit) (BBC, 2008).
Apenas entre os anos de 1945 e 1999, as temperaturas na França aumentaram o suficiente para adiantar a colheita de três semanas a um mês.
Nos EUA, as mudanças climáticas observadas em regiões como Sonoma, Napa e Santa Barbara deixam o país em estado de alerta. Apenas em Napa, as temperaturas subiram cerca de 3 oC nos últimos 75 anos. Em algumas regiões o período de crescimento das uvas aumentou cerca de 50 dias devido as variações climáticas.
Para 2050, as expectativas mostram que grandes áreas do sul da Itália, Península Ibérica, Califórnia, Austrália, África do Sul e sul da França poderão ser arruinadas para o plantio das uvas. Os efeitos no cultivo de uvas são sérios e alarmantes.
Por outro lado, o cultivo de vinhas está aumentando em regiões mais frias, como sul da Inglaterra, Suécia, Dinamarca e Finlândia. Será este o nosso padrão de vinhos no futuro?
A combinação arruinada: Extra
Se você é daqueles que, entre uma taça e outra, come uma fatia de pão para quebrar o gosto do vinho, limpar o paladar e para manter o vigor da noite, preocupe-se. Falamos das preocupações para o futuro do vinho, mas no caso do famoso pão francês o assunto é ainda mais grave.
Você já pensou em não encontrar mais este alimento milenar em sua mesa?
Mas é isso mesmo que um estudo realizado pela prestigiada revista Science e discutido pela Super Interessante, destaca. O trabalho analisou o impacto das mudanças climáticas nas quatro principais culturas consumidas pela população mundial: Trigo, arroz, milho e soja, e concluiu que a produção de trigo é a mais afetada pelo aumento da temperatura. Pães, massas e biscoitos poderão, um dia, ser escassos.
Degustações do futuro:
Depois de todas estas constatações, podemos imaginar como serão as degustações no futuro?
Vinhos Gran Reserva de Oymyakon (pequena vila na Rússia) ou de Yakutsk (Sibéria, Rússia), as duas regiões mais frias do mundo, serão os mais requisitados. O acompanhamento será uma massa industrial de glúten artificial. Ah, será que as avaliações da noite seriam conduzidas por Robert Parker Jr I ou II?
Quando o tema é aquecimento global, resta apenas uma consideração: Qual será o futuro do vinho? O fato é que o presente é polêmico, e o futuro incerto.
Fontes:
Discovery, 2009 – Discovery.com
Weise, 2010 – USA Today
BBC, 2008 – BBC
Super Interessante, 2011 - Super Interessante
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